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CRÔNICA | Carta para uma Ex-amiga

Olá!
Quanto tempo, não é mesmo?

Nos últimos tempos, eu andei pensando bastante sobre a hipótese de te escrever – como fazia nos tempos em que mantínhamos contato, para tentar esclarecer algumas coisas que tenho certeza que ficaram turvas para você, já que tudo aconteceu de maneira tão repentina.

“O que aconteceu? Porque eu sumi?”

Era o que dizia às dúzias de mensagens que você me enviava e eu visualizava e saia da conversa sem ao menos lhe dar uma resposta, sem dar a mínima satisfação do que poderia estar acontecendo por aqui. E eu aposto que era isso o que você imaginava.

Mas, saiba que, foi um tremendo sacrifício cortar o vínculo que tínhamos entre nós. Era uma amizade bonita, longa, de infância. Então, tudo se perdeu nas mentiras, nas traições, nas festas, nas bebidas e nas amizades que você não dava a mínima para filtrar.

Eu que sempre admirei a pessoa que você era, gentil, amorosa e companheira.  Me machucou muito quando vi você se tonar o tipo de pessoa que eu sempre desprezei, superficial; fútil; mesquinha demais. Tudo o que eu sempre evitei me tornar nesta vida.

Na época em questão, me lembro bem de como “funcionava” a nossa amizade. Eu me sentia como um estepe… O seu espete (tipo aqueles que ficam esquecidos, lá atrás, no porta-malas do carro e você só se lembrava dele quando tinha algum imprevisto ou algum problema urgente que só uma amiga de verdade poderia lhe ajudar, ou pelo menos te fazer se sentir menos infeliz).

Eu era como aquela sua amiga ”álibi” que você mandava mensagem, pedindo com urgência para confirmar que você havia dormindo em minha casa, enquanto estava na balada, bêbada, “curtindo a vida” – Era o que você dizia, lembra? Que era jovem, que precisava aproveitar todas as oportunidades que a vida lhe apresentasse, inclusive as mais vazias.

Espero profundamente que depois de todo esse tempo, depois de tantos copos vazios, você tenha tomado algum jeito, que o juízo tenha entrado em sua cabeça para te fazer agir com sensatez e decência, fazendo você enxergar que a vida não é feita de apenas um momento. Viver não quer dizer acabar com sua vida. Viver não se resume a superfluidade.

Eu assumo que não fui capaz de lidar com a bagunça que era a sua vida e não me considero uma vilã por isso, pois, eu me cansava de te aconselhar e mesmo assim, você fazia tudo de forma diferente e sempre dava errado e você voltava outra vez, em prantos para o meu ombro e eu te acolhia e te aconselhava novamente, pacientemente e você fazia completamente o oposto, outra vez. (Espero que esta frase tenha ficado tão redundante quanto esse ciclo vicioso que era a nossa amizade).

Eu era sua amiga, mais do que uma amiga, uma irmã de coração, mas não recebia essa mesma amizade de volta. Não havia reciprocidade nisso que enchíamos a boca, com orgulho para chamar de “amizade”.

Então, é isso, eu não tenho motivos para te odiar e espero que você também não me odeie. Esta não é uma carta com intuito de tentar uma reaproximação, pois, acho que estamos bem onde estamos e não há motivos para mudarmos isso.

Com amor,
Sua ex-melhor amiga.

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Escrito por Tamara Miller

Fotografa, profissionalizada em design gráfico, capista e escritora nas horas vagas. Também é a desenvolvedora do projeto gratuito "fabricando capas'' na plataforma Wattpad.
Ama escrever e é apaixonada pela leitura.

Nascida no Estado do Rio de Janeiro. Em 1997. Pisciana extremamente indecisa, que ama tudo e todos. Totalmente de humanas, apaixonada por livros de romance, adrenalina e ação, ama uma boa musica, pintura, filmes, séries e tudo mais que for capaz de conter sua inquietação.