Na primeira ficção de sua carreira – que lembra o premiado Um estranho no ninho – , Gayle Forman narra a saga de cinco garotas presas em um ‘centro de tratamento residencial’
O que há de estranho em mim nos traz uma mensagem encorajadora sobre o espírito de amizade e amadurecimento pessoal. Trazendo consigo também à reflexão do quão importante é não perder as esperanças e se agarrar a qualquer coisa para superar os desafios nos quais a vida nos dispõe.
Brit acaba de ser internada contra sua vontade, por seu pai em um “centro de tratamento residencial”, um ambiente completamente hostil e opressor. A princípio, ela ainda não sabia por que havia sido enviada para lá. Mas com alguns Flashes de memória a autora já deixar transparecer algumas das razões, atiçando o leitor com pistas para que possamos compreender um pouco mais dos motivos de seus pais para tê-la enviado até ali.
Uma garota de 16 anos, com mechas de cabelos pintados em cor de rosa; uma garota intitulada “rebelde”; guitarrista da banda Clod, inconformada com o atual casamento de seu pai e sua insistência em tentar esquecer a sua mãe.
Ao chegar a Red Rock, nos deparamos logo de cara com a impiedosa e insensível Dra. Clayton, a suposta terapeuta responsável pelo tratamento das internas, que não medirá esforços para conseguir “consertar” as meninas. Forçada a aceitar sua condição de ‘Transtorno desafiador opositivo’, Brit começa o seu descabido tratamento no intuito de se consertar.
“Frequentemente perde o controle das emoções e discute com os pais; desafia acintosamente os adultos, recusando-se a atender solicitações e a obedecer às normas; deliberadamente incomoda as pessoas; culpa os demais pelos próprios erros e faltas; com frequência se mostra irritada, ressentida, maldosa, vingativa…”
Com medo de realmente enlouquecer pela forma como eles agridem ao seu psicológico e sem saber em quem confiar, Brit se isola, não cooperando com as absurdas formas de tratamento. Contudo, o seu distanciamento não dura muito tempo. Logo ela conhece V, Babe, Martha e Cassie, que acabam tornando-se boas amigas, aliadas e um pilar para tentar quebrar o sistema hostil daquele lugar opressivo e de alguma forma provar que elas não são adolescentes rebeldes e desajustadas, como alegam os seus pais e sim mostrar ao mundo que na verdade quem precisa de reabilitação são as pessoas que apoiam e permitem o tipo de tratamento aplicado ali.
Uma narrativa bem construída, ágil; uma linguagem informal e super atualizada. A história também nos traz em segunda linha um romance suave, embasado nas recordações que ela tem da Clod – sua banda, e sua paixão que é alimentada secretamente por Jed, um dos integrantes de sua banda.
Gayle Forman aborda também uma importante questão adolescente, a necessidade de reconhecimento e a busca pelo respeito por parte dos adultos.
Em uma nota da autora, ao final da história, ela deixa claro que este romance foi realizado com base em pesquisas com adolescentes que passaram por um centro de tratamento, semelhante à Red Rock, fazendo você levar à mão a testa e se questionar o quão real e doloroso poderia ter sido ao desfecho dessas garotas na vida real.
Por fim, eu gostei de praticamente tudo no livro: Os segredos relacionados à família de Brit, a relação de amizade que nasce entre as meninas internadas, a forma como elas tentam superar todos os obstáculos e a mensagem final deixada para reflexão do leitor. Enfim, eu indico este livro a todos os fãs de uma boa Ficção adolescente e uma trama bem escrita.